terça-feira, julho 17, 2007

INFÂNCIA! MUITO BOM.


Hoje é dia de recordações.
A minha infância, comum, normal, como da maior parte das pessoas. Muita brincadeira, e coisas sérias também.
Claro, que nem sempre as coisas sérias eram por opção minha, mas elas existiam.
O meu pai desde sempre rezava terços nas casas das pessoas. Prá que é católico, ou foi, sabe que isso se chamava o puxador.
Ou seja ele puxava as orações, e os demais participantes respondiam as mesmas.
Acontece que meu pai ficou surdo, quando eu ainda era muito pequenina, aliás foi perdendo a audição até ficar surdo completamente.
As pessoas que acreditavam faziam sua promessas, ou agradecia algo, ação de graças, enfim, motivos não faltava para se mandar rezar um terço, e meu pai era chamado.
Só que com o problema na audição, estava ficando difícil o ato de rezar, ou puxar, porque ele não escutava quando as pessoas respondiam as orações, portanto muitas vezes atropelava.
Aiiii... sobrou prá quem rezar no lugar dele? Euzinha mesma.
Ele do meu lado rezava os mistérios do terço, eu entrava com a parte de puxar, e o povo respondia.
Agora vou confessar, eu detestava isso, tinha apenas seis anos, queria ficar lá no quintal brincando com as outras crianças e tinha que estar ali, dura feito estátua, por cinco mistérios, mais credo, mais salve rainha, e depois que aprendi a ler, ainda veio a ladainha, ufa!!!!
Isso era coisa muito comum, aliás era a vida social daquele povo, que tinha tanta fé, que unia as famílias ao redor de um pequeno altar improvisado, que se pedia pela saúde, pela paz em família dos amigos. Era bonito isso.
Hoje, confesso, ainda as vezes rezo o terço. Não com aquela frequência que fazia, mas hoje rezo por opção minha, quando sinto vontade, pela minha fé, e não recitar o terço, sem pensar no que estava fazendo, só para pagar promesas de outras pessoas.
Aliás isso é um outro caso, as pessoas em sua ignorância, faz promessa para que outras cumpram.
Isso já faz tanto tempo, mas as vezes é bom lembrar, era sim um tempo bom, tínhamos muita bondade no coração, muita pureza. Não existia essa competição que vemos hoje, esse salve-se quem puder.

5 comentários:

Luma Rosa disse...

Anninha, a minha família é uma miscelanea de religiões. Meu pai é filho de egipcio e a família mantém os rituais. No entanto, a minha avó é espírita. Viu que nó, mas todo mundo se respeita. E para acrescentar, todo o lado da minha mãe é católica ferrenha! Tenho dois tios padres, um mora no Vaticano. Hum...lá em casa ainda reza o terço! (rs*) e eu ainda olho para o sol no fim de tarde para rezar.
Beijus, Luma

O Meu Jeito de Ser disse...

Luma querida, adorei seu comentário.
Sabe que mistura de religiões assim, desde um respeite a do outro, eu acho legal.
Na minha não tinha, mas hoje já tem muitos evangélicos, inclusive minha filha.
Mas cada um na sua.
Adorei isso de você olhar o sol no fim do dia e rezar.
Um beijo.

Anônimo disse...

Mas que bom isso. Meio forçado, eu sei. mas to falando das raízes profundas que ficaram. Sabe, Aninha, elegi Deus como religião e venho me mantendo assim, nada de intermediários humanos...rs. No entanto, areputo que ter fé em DEus é até mais necessário do que ter dinheiro ou pão na mesa.

Abraços,

Mário.

Anônimo disse...

Lindo isso de você ainda rezar. E por vontade própria.
Eu vim de uma casa onde a religião era algo inexistente. Apesar dos pais de minha mãe serem religiosos, minha mãe, cética, nunca permitiu qualquer ato religioso na nossa casa.
Fui aprender a rezar já adulta. Quando fui para Israel percebí que era de corpo e alma judia e aí procurei aprender a rezar.
Hoje em dia não durmo sem antes agradescer a Deus pelo dia que tive, rezando rezas feitas e outras que vem do meu coração. E isso me faz muito bem. Creio que a reza, a religião é o que mais falta faz no mundo de hoje.

O Meu Jeito de Ser disse...

Mário querido, foi exatamente isso, parece que todo mundo entendeu, o que ficou, o saldo foi positivo.
Naquele momento eu não tinha a menor condição de entender o que fazia e muito menos gostar do que fazia, era uma criança, porque cresci um pouquinho, não quiz mais fazer isso não.
Mas, sem dúvida, o saldo foi positivo.
Um beijo

Kith:
Você fechou e completou o sentido do post.
Tenho certeza que o que falta é este sentimento do que é limpo, do que é bom, as orações, feitas ou inventadas na hora, é o que nos move, é o que nos faz brilhar, é o que nos dá discernimento.
Um beijo querida