Amigos!
Fiz uma brincadeira no post do último dia 19, e fiquei surpresa, com o desenrolar das coisas.
Passei a tarefa, e fiquei feliz, com a resposta.
A
Bete passou a tarefa para o
Valter, para saber da opinião masculina, e para
Luz, que com seu senso de humor maravilhoso, nos presenteou com um belo post.
Houve uma frase da amiga
Yvone, que fez o post, mas sentiu-se incomodada em publicar, então me passou por email.
"
O que mais me encanta e me incomoda no meu marido é ele ser ele, com tudo de bom e ruim que tem direito. "Achei a frase de muito bom gosto, e resumiu tudo.
Mas, sinceramente, o que mais me surpreendeu foi o post que o
Ery fez, a pedido do Valter, incorporou a alma feminina. Por isso fiz questão, com autorização dele, de mostrar aqui o post. Vale a pena conferir:
Quinta-feira, Janeiro 25, 2007
[traveling] O QUE INCOMODA?
Por mais loucuras que eu cometa, não permita Deus que eu perca este meu jeito de voar. [parodiando Paulo Leminski]
Ao
Valter Ferraz, provavelmente numa dessas brincadeiras que correm em alguns blogs, foi perguntado "o que acha incômodo nas mulheres". Depois de apresentar um rosário de atitudes no post de 22/01/2006, não satisfeito, rolou-me esta bola na esperança que eu marcasse um gol de placa.
Bem, primeiro é preciso que fique bem claro que a mim o maior incômodo seria a falta de mulheres.
Segundo, não vou conseguir marcar o gol porque o "bandeirinha" é uma mulher e, no momento do passe, ela assinalou impedimento. Não! Não tirem conclusões apressadas. Acontece que vou responder de uma forma diferente.
Considerei o "off-side" porque penso ser interessante interromper para avaliar esta questão com outra tática e iniciar uma jogada diferente. Assim, no difícil exercício da empatia, decidi tornar minha alma uma personagem feminina e dizer de alguns pensamentos cujas razões são implícitas.
Incomoda-me alguns homens imaginarem que sou diferente pelo simples fato de ser bonita, vestir-me da forma mais compatível a valorizar minhas formas, ter idéias próprias e expor, quando necessário, de forma autêntica e sem subterfúgios, todos os meus temores e meus mais profundos desejos.
Costumam, muitas vezes, pensar-me apenas como objeto dos seus mais recônditos instintos. Por mais interessante que seja, descarto qualquer indivíduo que antes do meu âmago analisa e se empolga com minha condição de independência financeira.
Desconhecem que tudo que conquistei é resultado de denodado esforço, competitividade e produto do cultivo de bons valores absorvidos através da formação. Esta me conscientizou, desde cedo, a respeitar direitos, condições e potencial humano sem acepções. E a estudar muito.
Jamais perco meu tempo com homens que só me enxergam como frágil. São aqueles que esquecem o poder do carinho de uma mulher, e que só elas sabem aplicá-lo, como tônico prescrito para tantos percalços diários e que são também decorrentes das incontáveis fraquezas masculinas.
Divorcio-me daqueles homens que atualizam diariamente sua listinha de atividades caseiras, separando-as conforme o sexo.
Não me interessam os puritanos, aqueles que me confundem quando faço da cama o meu palco e lá, por amor e desejos, represento todas as personagens da minha vasta fantasia.
São tolos os que negam a individualidade pensando que possuir é anular. Falta-lhes a percepção que o ciúme é como uma patologia latente só capaz de se manifestar quando há desrespeito e abusos. E que do contrário é possível conviver e ser feliz sem que a "causa-mortis" seja decorrente.
Fujo dos desmotivados e impotentes da intelectualidade.
Penalizo-me dos que contam a idade pela gama cinza dos seus cabelos, esquecendo que a fonte do vigor fundiu os territórios do coração e do cérebro em um espaço chamado vontade de prazer e espírito otimista, cujo centro energético chama-se sorriso e onde as decisões são confabuladas pela majoritária alegria de viver e seus conselheiros dinâmicos.
São vazios os que preferem Paulo Coelho e as fanfarrices de Ivete Sangalo na TV, em detrimento de Neruda, Gabriel Garcia Márquez, Saramago, Guillebaud, Rubem Alves, Rubem Braga, Fernando Sabino,
Mônica de Carvalho, Cecília Meireles, Chico Buarque, Tom Jobim (
hoje é dia de lembrar o Maestro!) e outros monstros.
Para os arrogantes, avarentos, mentirosos e desmedidos sociais digo-lhes que percorram o mundo à busca de alguém que os tolere.
Aos penduradores de cuecas no box do banheiro recomendo-lhes morar num acampamento, longe do meu território.
Aos que se apaixonam pelo jardineiro, pelo costureiro dos seus ternos ou pelo personal-training ofereço o cartão do psicólogo, despeço-me, desejo-lhes felicidades e troco a fechadura da porta.
Entrego as chaves a um namorado novo que seja apenas campeão.
Por fim, já que estou quase "desincorporando", detesto os homens que não gostam de conversar, ignorando a arte de se projetar para o fim dos anos, quando na realidade o que nos restará como motivos serão as lembranças de todas as loucuras que fizemos.
Antes que me esqueça, hoje à noite vou caprichar naquela produção assassina. Acenderei as madeixas. Usarei vestido fino e esvoaçante sobre a minúscula lingerie com cinta-liga. Escolherei o melhor perfume e maquiagem. Combinarei os acessórios e quero alguém que, depois de um romântico jantar (pode ser um tortelonni di ricota i castagno d'india , molho four maggi, entrada de carpaccio di mignon, regado a um vinho tinto, como o clássico Bola, da Valpolicella, com profiterólis na sobremesa seguido de um café com creme) à luz de velas e mesa com rosas, me leve para dançar.
Na plena madrugada, serei Luz Del Fogo! Aí, já será hora de voltar para a horizontalidade do meu palco...
Valter, do que estávamos falando? Era futebol?
Tenho ou não razão.
Arrasou Ery!