Sempre que temos uma comemoração festiva qualquer, o que mais se ouve, são pessoas falndo sobre o grande consumo, que a festa deixou de ter seu sentido mais nobre para se transformar em um grande consumismo.
Mas vejam, isso somos nós mesmo que optamos e adotamos para nossas vidas.
Na minha infância, o Natal, tinha sim, apenas o sentido do Natal, do nascimento, da festa religiosa, em comemoração ao nascimento de Cristo, alguém em acreditávamos, e eu ainda acredito, o Salvador, o filho de Deus.
Na minha infância, nunca ganhei um presente de natal dos meus pais, apenas na cidade, tínhamos todos os anos, até completarmos sete anos de idade, um presente que a prefeitura entregava às crianças pobres. Os meninos ganhavam uma bola, e as meninas ganhavam uma boneca de plástico, mais ou menos parecida com essa aí.
Nunca tivemos uma ceia de natal, jantávamos em horário normal, como todos os dias, íamos à missa do galo, à meia noite, naquele tempo, a celebração começava à meia noite em ponto.
No dia seguinte tínhamos sim um almoço de natal, esse era diferente, pois me lembro que nesta data, era a única ocasião que minha mãe fazia macarrão em casa.
É engraçado isso, pois me lembro até da marca do macarrão, talvez ninguém se lembre, ou nem tenha conhecido. Era um macarrão tipo espagueth, bem longo, e a marca era "Orsi". O molho, simplesmente feito com muito tomate, e acrescentando uma latinha de massa de tomate, mas delicioso.
Tínhamos leitoa assada no forno de lenha do quintal, juntamente com alguns frangos recheados de farofa, tudo isso criado em casa, propositadamente para a ocasião.
E ainda só neste dia tomávamos guaraná de garrafinha, quente, pois não tínhamos geladeira.
Não pensem que estou contando isso, com mágoas, porque não tive mais, pelo contrário, conto isso com saudades, porque alí vivíamos uma união tão grande, toda esa comemoração, era na verdade para agradecer tudo, o que todo aquele ano tinha nos dado.
Quantas vezes ouví pessoas dizendo: "Eu posso morrer de trabalhar, mas meus filhos hão de ter o que eu não tive".
E aí, no natal, pedem para o filho escrever uma cartinha para o papai noel, e dá o presente que ele pede. No dia das crianças, idem, corre e compra o que a criança pede, e assim em todas as outras ocasiões festivas.
Com isso, está fazendo dos filhos, nada mais nada menos, que consumistas. E, ainda a própria pessoa acaba se tornando consumista.
Não quero dizer com isso, que não nos dê prazer, dar um presente à uma criança, aos nossos filhos, ou até para os adultos que nos são caros. Na verdade, o que quero dizer, é que não adianta condenar a sociedade, dizendo que as pessoas tornaram-se consumistas, que o único valor da época é o consumo, é a gastança.
Nós fizemos isso, e continuamos fazendo, quando hoje enchemos nossos netos de mimos, dentro do possível, claro.